Visceral, poeta, gênio. Incompreendido,
injustiçado, marginalizado. Turrão, teimoso, irascível. Maldito. Os epítetos
para definir Sérgio Sampaio são muitos, e nenhum deles dá conta da figura
mítica do músico cachoeirense. Os clichês, na verdade, vêm feito muletas, no
amparo do desconhecimento de uma obra faustosa, ainda relegada ao subterrâneo
do imaginário nacional. Vinte anos após sua morte – ele foi vítima de uma crise
de pancreatite, derivada do abuso de álcool –, completados hoje, uma série de
projetos têm tentado resgatar do limbo o nome de Sampaio, desde shows com seu
repertório e página na internet a gravações de faixas inéditas.
Agora, uma nova safra de projetos bate à porta do
segundo semestre deste ano. Quase todos têm o dedo de João Sampaio, filho do
cantor. A iniciativa mais completa é o site “Viva Sampaio”, que pretende
compilar depoimentos de amigos e familiares, análises da obra, manuscritos e
outros materiais. O projeto deve sair em dois meses. “As pessoas se sentem
incomodadas com o fato de o Sampaio não ter o reconhecimento que ele merece. É
aquela coisa a que nós estamos acostumados aqui: o sentimento de falta de
memória”, opina João.
O filho de Sampaio é o motivo da faixa “Menino
João”, lançada de modo inédito na web, na voz de Inara Novaes, arranjos de
Tiago Gomes e direção musical de Daniel Obino e João Sampaio. A música nasceu
em 1984, um ano após o nascimento do filho no Rio de Janeiro. “Quando eu estava
com ele, era a minha libertação. Não tinha hora pra nada: comia bala o dia
inteiro, almoçava às quatro da tarde, tomava refrigerante antes do café da
manhã. Ele me permitia viver a vida desregrada que ele vivia.”
João lembra que, apesar do nome de Sérgio Sampaio gravitar em seu personagem controverso, sua convivência com o pai revelava uma figura muito mais humana do que mítica. “Ele sempre foi superatencioso, até quando foi morar na Bahia. Em casa, não havia esse personagem meio Tim Maia. Sampaio foi o cara que me iluminou com as músicas dele”, diz. Um lançamento que apreende a humanidade de Sergio Sampaio é a biografia “Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua”, de Rodrigo Moreira, com terceira edição planejada para a segunda metade do ano. O biógrafo atribui o recente interesse pela obra do capixaba a seu aspecto contemporâneo.
“O material que ele escreveu não está datado. Letra
e música podem ser absorvidas hoje sem soar anacrônicas”, explica Rodrigo. Para
o autor, Sampaio vagou pelas ruelas da MPB por sua postura diante do controle
mercadológico. “Ele não era fácil de se dobrar aos esquemas comerciais. Não se
vendeu, continuou fiel a seus princípios, à sua própria história. Com o tempo,
as gravadoras não deram mais chance pra ele.”
Rodrigo afasta a pecha de “maldito” do compositor
cachoeirense. “Isso fazia sentido em 1970, mas depois se tornou uma coisa
prejudicial. Sampaio não é ‘maldito’, não. Ele é um bendito.”
Fonte:
Leandro Reis
Discografia >>> Download
[1971] Compacto – Coco Verde/Ana Juan
[1971] Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta:
Sessão das 10
[1972] Compacto – Classificados n°1/Não Adianta
[1973] Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua
[1974] Compacto – Meu Pobre Blues/Foi Ela
[1975] Compacto – Velho Bandido/O Teto da Minha
Casa
[1976] Tem Que Acontecer
[1977] Compacto – Ninguém Vive por Mim/História de
Boêmio
[1982] Sinceramente
[1986] Cabaré Mineiro – Ao Vivo
[1990] Segredo de Itapuã – Ao Vivo
[1994] Cruel – Cru (Disco inédito)
[1998] Balaio do Sampaio
[2006] Cruel
13 comentários:
Muito obrigado!
Muito obrigado!
Muitíssimo obrigado!! Parabéns pelas postagens!
Valeu demais!
Muito Obrigado!
Sergio Sampaio genial...
Muito bom texto reconhecendo a genialidade do maldido. Afirmo, maldito. O gênio maldito que resignificou o próprio termo maldito.
Roda Morta e reflexões de um Executivo
Muito bom!!
Baixei tudo! ;)
Muito bom! Procurava uma música de Sergio Sampaio e encontrei esse tesouro. Parabéns!
Obrigada!! ♥
Obrigado :)
:);) valeu.
Porra da hora muito obrigado ta de parabens!!!!
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